03 maio, 2012

Metropolis – Um futuro perdido no tempo

Diretor: Friedrich Christian Anton Lang – popularmente conhecido como Fritz Lang.

Atores: Alfred Abel, Brigitte Helm, Gustav Fröhlich, Rudolf Klein-Rogge.



A primeira exibição do Ionga é datada de 10/01/1927, sua copia original possuía 3h e 24 minutos. Ao ser veiculada, a versão original foi várias vezes cortada e reeditada, deixando diversas partes perdidas ao longo de sua jornada. É fato que esta provavelmente jamais será exibida novamente.

Possui ambientações futurísticas com um toque de gótico medieval e várias referencias bíblicas.

Metropolis é uma cidade futurística onde as máquinas tem seu grande destaque. Em uma cena onde a cidade nos é apresentada pela primeira vez, temos um conjunto de maquetes filmadas simultaneamente e não um grande cenário como parece ser. Temos uma estrutura suspensa no ar por onde passam os veículos e aviões voam bem próximo. Vemos também um jogo de luzes que foi feito com um truque de espelhos.

Metropolis possui seu criador e administrador conhecido como Joh Fredersen, que tem um filho chamado Freder. A esposa Hel, já falecida é mencionada rapidamente. A cidade é dividida entre duas classes: proletário e nobreza. A nobreza vive no topo dos edifícios, ao lado de suas grandiosas construções, fazendo alusão ao poder. Enquanto que o proletariado, além de manter a cidade ativa, ainda vive na sua parte subterrânea, sendo colocados como segundo plano.

Outro ponto importante é que Lang utiliza duas tonalidades para confirmar isso, a nobreza está sempre trajando roupas de tons claros, enquanto que os trabalhadores trajam tons escuros.

Freder se apaixona por Maria - jovem que, lhe mostra o lado proletariado. Perante a revolta de Freder com a situação, vemos urna inversão de papeis quando o filho do administrador de Metropolis troca de lugar com um trabalhador, a troca é reforçada com a mudança de cores no traje de Freder, que passa a trabalhar na cidade subterrânea e trajar roupas de tons escuros.

Diversos elementos trazem a tona a ideia de tempo, como por exemplo, a ritmação dos trabalhadores e a imagem de um relógio. Por se tratar de um filme mudo, presenciamos cortes propositais e também uso de closes com a intenção de ressaltar alguma reação ou acontecimento. Temos como exemplo a cena em que Maria está nas catacumbas e se assusta com algo, um corte é feito e vemos um tijolo em maior destaque. Entendemos assim que ela se assustou com o barulho do objeto ao cair no chão.
Temos como elementos mais fortes do Expressionismo a exacerbação de movimentos e atuação marcante (vemos o sofrimento dos trabalhadores através de sua marcha submissa e cabeças sempre abaixadas), maquiagem que ressalta certa palidez nas faces, elementos de cunho sombrio e um belo jogo de luz e sombra.
Outro elemento expressionista são as cenas em que Freder se encontra doente e começa a sofrer delírios, estes representados por cenas abstratas, dando ideia de alucinação, revelando seu medo e sua inquietação.

O filme retrata um capitalismo voraz, com a relação entre homem e máquina.
Temos também um cientista maluco chamado Rotwang, que possui uma mão de ferro, reforçando novamente certo domínio das maquinas sabre os homens. Tal cientista recria em forma de robô a falecida mulher do administrador e logo depois persegue e sequestra Maria para tomar sua aparência e dar ao robô.

Algo interessante que eu notei foi o fato de o momento da criação do robô ser tão parecido com a criação do famoso Frankenstein. Temos um cientista e de certa forma um “monstro” em ambos os filmes.

Metropolis inspirou várias obras que se sucederam depois, como exemplo temos o clipe da musica "Radio ga ga da banda Queen" e “Express Yourself da  Madonna”.

No inicio do filme vemos um epigrama que diz o seguinte: ''The mediator between head and hands must be the heart (O mediador entre a cabeça e as mãos deve ser o coração )." Ao final do filme vemos a seguinte cena: um aperto de mãos entre Joh Fredersen e o representante dos trabalhadores mediado por Freder (filho de Joh), cena que além de concretizar o epigrama
citado no começo do filme, também sela um tipo de igualdade, de mais humanismo e remete novamente a temática religiosa, dando alusão a mediação que Jesus fez entre seu pai e o homem.

Ha uns dois anos foram encontradas novas partes do filme, apesar de tudo, o enredo original, a mensagem criada para o filme não foi alterada. Percebemos também que anos depois ainda vivemos uma situação parecida. Além de esperarmos um mundo futurista, também temos a presença da escravidão, não literalmente como em Metropolis, mas de diversas outras formas.

Alguns dizem que Metropolis impressionou tanto ao ditador Hitler que o mesmo abordou Lang para criar filmes nazistas, mas o mesmo se recusou e fugiu do país, produzindo filmes antinazistas tempos depois. Outra curiosidade é que a torre maior da cidade de Metropolis foi inspirada na Torre de Babel.

Em meio a um ambiente moderno e medieval, temos um longa que para a sua época de criação é extremamente grandioso, os efeitos especiais que foram criados todos a mão são incríveis. Metropolis e um deleite para os olhos e a prova de que as imagens podem falar por si só.